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Victoria's Way: o Parque Indiano de Esculturas da Irlanda

Anteontem, em plena sexta feira, um casal de amigos, minha flatmate e eu tomamos as estradas do interior da Irlanda e fomos para mais um passeio rumo ao desbravamento desse país.

A meta era conhecer o Parque Indiano de Esculturas, o Lago da Guinness e ir mais uma vez a Glendalough, outro parque que visitei há cerca de três ou quatro semanas.

Nosso dia começou tomando um bom café no McDonalds e de lá partimos no carro do Glauber rumo a Wicklow, condado onde esses pontos turísticos ficam localizados.

O primeiro local visitado foi o Parque Indiano, que pouca gente sabe da existência. Não há nenhuma sinalização local mostrando a existência dele, apenas duas placas pequenas na entrada. Mas vamos lá, vou apresentá-lo a você então:

O que é

O nome original do parque é Victoria's Way (ou Caminho de Vitória, que significa Caminho da Libertação), mas é popularmente chamado de Parque Indiano de Esculturas, devido às grandes esculturas de granito e bronze espalhadas por lá.

Um local de meditação, com alguns lagos e uma área de floresta, ele é dedicado ao criptógrafo Alan Turing.

Atualmente, conta com 9 hectares de área, 24 esculturas feitas em granito e 3 em bronze, as quais variam de 1,50 a 4,90m em altura e de 2 a 10 toneladas de peso.

O parque pertence a Victor Langheld, um homem nascido em Berlim, em 1940, e que viveu em grupos religiosos no Sri Lanka, Tailândia e Japão.

A herança deixada por sua família permitiu que ele vivesse viajando por locais reliogos pela Ásia antes de vir à Irlanda e iniciar a construção do parque, no qual ele mesmo desenhou as esculturas lá expostas.

Langheld ainda é vivo e é o curador do parque.

Onde fica

O paque fica na vila de Roundwood, no Condado de Wicklow, muito próximo ao Lago da Guinness.

Como chegar

Minha sugestão é alugar o carro, caso você não tenha um, e coloque no GPS "Indian Sculpture Park". Ele fica a uns 30 minutos do centro de Dublin. E, com o carro, você ainda vai poder ir aos outros lugares que mencionarei nos posts seguintes.

Horário de Funcionamento

O parque é aberto somente durante o verão, de 12h30 às 18h00. A data de encerramento da amostra será 20 de setembro.

Preço admissional

Incrivelmente, nem o dono nem nenhum outro membro da organização ficam no parque. Há apenas uma placa na entrada falando que o preço admissional é de ¢2,50 por adulto e que você pode colocar suas moedas no local indicado. Cabe a você ser honesto ou não para pagar pela visita.

A entrada

Há duas pequenas placas na beira da rua e em meio a uma cerca de plantas indicando a existência do parque. Ao passar pela entrada, há um pequeno estacionamento em uma área de chão batido. O cenário nada se parece com um parque ou algo turístico, mas de imediato você avista uma pequena guarita de madeira com alguns dizeres e uma escultura de um elefante deitado.

Em meio às árvores é possível ver mais algumas obras e um grande campo aberto, para onde nos dirigimos.

O campo aberto

Saindo do estacionamento rumo ao campo, a porta de acesso é a escultura de uma Vagina Dentata, um túnel que se assemelha ao canal vaginal com dentes, que remete à crença de que o ato sexual pode machucar, levando à castração do homem envolvido.

Ao fundo do campo, sete estátuas são dedicadas a Ganesha, Deus hindu da sabedoria, do conhecimento e do recomeço. Elas foram feitas na Índia e necessitou de cinco artesãos cada uma para serem concluídas.

Entre as esculturas, há o Ganesha lendo, tocando tabla, vina, flauta, gaita irlandesa (veja só o chapeuzinho com o trevo de três folhas) e mais dois dançando.

Em uma outra ponta do campo, à direita de quem entra, há a escultura de uma Serpente (ou da Sabedoria Espiritual).

Ela mostra as funções femininas da espiritualidade, a sabedoria, fertilidade, cura e o caos.

A base da serpente é um local vazio, significando abertura absoluta, isto é, um potencial ilimitado para a saberodia, onde qualquer pessoa pode sentar. No entanto, o assento não é muito grande, mostrando a limitação masculina.

À esquerda de quem entra no parque, próximo à loja de produtos artesanais, há a escultura de Eva segurando uma maça, o fruto proibido.

Logo atrás das esculturas de elefante (Ganesha), há uma trilha foresta adentro onde mais obras estão expostas, dentre elas as seguintes (em itálico, tentei traduzir o signifcado de cada obra. Confesso que é uma viagem muito grande entender o hinduísmo por trás das obras, mas é super interessante):

Acordando ou Nascimento da Consciência

A criança nasce em meio a uma realidade que ela não é capaz relativizar e ainda assim tem energia e graça, mostrando sua luz ao mundo.

O punho com as garras respresentam o ontem, o passado, que é vivido de forma relativa e imperfeito, portanto de forma lamentosa.

A criança representa a promessa do amanhã, o novo, a realidade absoluta de perfeição e graça.

Quando um se torna dois ou Separação e Relativização

Homem dividido

Aqui, o homem de 30 anos e idade representa o terrível estado mental de uma pessoa indecisa. Ele está em pedaços por que não é capaz ou não quer dedicar sua vida a um objetivo, sendo então incapaz de desenvolver o seu eu.

Este homem quer morrer. Aliás, ele precisa morrer para se descobrir e descobrir a proposta de sua vida...

Condensação ou Buda em jejum

Essa escultura mostra a fase mais intensa da resolução de um problema. Algumas pessoas, encaram essa fase com um terrível vazio, e outros, como uma noite sombria da alma.

Todo mundo passa por esse momento antes de alcançar seus objetivos. Muitos se recusam a entrar nesse túnel escuro com medo da dor e da falta de esperança encontradas lá. Mas, se eles não viverem essa "noite sombria", eles não verão a beleza do crepúsculo de uma vida nova e a sensação de liberdade que ela traz.

Libertado

O fim de Ferryman

Lago

Senhor Shiva

Shiva representa o homem adulto responsável por resolver o dilema da vida: como viver a vida em sua totalidade, como aproveitar momentos triviais enquanto fica ligado às dimensões cósmicas e metafísicas que ameaçam a reduzir o momento à insignificância...

Saída

Criar ou morrer

O dedo aponta para o princípio da vida, Criar ou Morrer, reafirmado por Charles Darwin.

Somente sendo diferente faremos a diferença...para viver, precisamos morrer...

Algumas esculturas mostram pequenos traços de modernidade, como uma que possui uma pint de Guinness ao lado de um Ganhesa, um telefone celular na cintura de um Buda faminto ou um toca-fitas na cintura de um rato (foto abaixo).

Loja de artesanatos

Assim como na entrada do parque, não há nenhum funcionário na loja de conveniência. Há várias fotos expostas nas paredes, bem como vários produtos artesanais para venda, mas ninguém para vigiar e efetuar as cobranças.

É um self-service e auto-pay, se é que posso chamar assim. A honestidade do visitante é que garante a manutenção do parque.

Alguns produtos expostos são essas cuias...

...pequenos porta-objetos...

...ornamentos...

E muito mais!

Como vocês viram, os preços dos itens estão fixados neles.

Para quem ainda interessar, eis uma entrevista com Victor Langheld, idealizador do parque (em inglês):

Para finalizar, acesse o site do parque aqui.

Mais fotos

Ganhesa da entrada do parque

Ganeshas e eu

Nós e a Eva

Uma outra figura que encontramos no caminho

Estupas Budistas

Essas pedras representam os enterros budistas e são os lugares onde se guardam suas relíquias. Na Índia, Afeganistão e China, asestupas podem variar de alguns centímetros de altura a vários metros.

Banho de Floresta

O banho de floresta é basicamente uma imersão no ambiente de árvores, plantas e animais.

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