Há alguns meses, tive o prazer de conhecer o Roland, um professor irlandês aposentado de 63 anos, casado, com uma filha, uma neta a caminho e uma vida inteira de muitas histórias vividas ao redor do mundo.
Roland já conheceu todos os países da Europa, além de alguns da África e da América. Uma das minhas primeiras conversas com ele foi sobre sua passagem pelo Brasil, quando conheceu o Pantanal, Foz do Iguaçu, Rio de Janeiro, Minas Gerais, entre outros.
Sua memória é impecável acerca das suas viagens. Ele lembra detalhes de cada lugar, acontecimentos, entre outros. Sempre ao seu lado, esteve Annette, a esposa e parceira de 36 anos de estrada. Na época deles, mochilar como fazemos hoje não era tão normal, então eles sempre se hospedavam em hotéis mais baratos, para manter o orçamento em dia e poderem aproveitar mais cada local.
Após terminar o segundo grau, Roland trabalhou como auxiliar de enfermagem no Reino Unido, tornando-se depois professor. Após alguns anos no Reino Unido, retornou à Irlanda e lecionou por 30 anos em escolas primárias.
Os anos se passaram ele se aposentou em 2010, poucos meses depois de ter sido diagnosticado com a Doença do Neurônio Motor (DNM), nome britânico para a recentemente tão falada Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA). Naquela época, o médico o havia dado cerca de três anos de sobrevida.
Você provavelmente se lembra de vídeos como este abaixo, que fez parte de uma campanha mundial em prol da DNM:
Para piorar, pouco depois, Roland foi diagnosticado com câncer de pele e sua esposa com câncer de mama. Ambos foram devidamente tratados e estão bem no momento.
Paralelo a essas dificuldades e inspirado pelo local onde cresceu, um pântano que em outros tempos fora o Rio Boyne, Roland começou há cerca de dez anos a escrever um livro (The Marshlander Chronicles), que ao meu ver, tem o potencial de um Senhor dos Anéis, Harry Potter ou Crônicas de Narnia.
Todo o processo de escrita, edição, confecção de capa e publicação foram feitos sem quaisquer patrocínios. Entre casos e acasos, o livro vinha sendo escrito, reescrito e editado, com alegria, empolgação e alguns poucos leitores.
Bom, conheci o Roland e sua família por que sou uma das pessoas responsáveis por cuidar de sua saúde. Além de ter o prazer de ouvir suas histórias de viagem, sou uma das pessoas que teve a oportunidade de ler seu livro antes de sua formatação final e publicação, que hoje tem 624 páginas e só tem a versão em inglês.
Desde então, tenho me fascinado com o homem gentil, educado e inteligente que é o Roland, bem como com sua simplicidade e vontade de viver. Com muita satisfação, ele aceitou ser tema de uma filmagem feita por estudantes de medicina para mostrar o dia-a-dia de um paciente com DNM. Mesmo diante das dificuldades, ele tem toda a paciência e alegria de conversar comigo, ensinar-me um pouco de seus conhecimentos e de inglês (por que serei um eterno aprendiz), além de me contar sobre suas peripécias no Egito, Portugal ou outro lugar qualquer desse mundão.
Contrariando a medicina humana, a sobrevida dada pelo médico já expirou e ele vai muito bem, obrigado. As viagens, por ora foram cessadas em função da prioridade maior que é sua saúde. Seu livro acabou de ser finalizado e já está disponível para compra pela internet nos websites da Amazon de diversos países de língua inglesa. Por enquanto, ele está disponível apenas para Kindle e em breve estará também como livro físico.
O livro e seus royalties foram dedicados à Associação para a Doença do Neurônio Motor, da Irlanda, que realiza com primor um trabalho sensacional para facilitar a vida de todos aqueles que possuem a doença no território irlandês.
A idéia deste post é convidar a todos que gostam de viagens, amam leitura e se sensibilizem pela história do Roland para divulgrem e adquirirem seu livro.
Mais do que uma contribuição financeira, tenho certeza que será uma grande viagem pela vida dos Marshlanders (moradores do pântano), que lutam diariamente por segurança e pela preservação de sua terra natal.
Meu muito obrigado a todos!
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