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O que aprendi mochilando e morando no exterior

Todo mundo sabe que viajar é bom e gostoso, que o permite ver a vida sob outra perspectiva e o torna um ser humano melhor por vários aspectos. Mas há também algumas coisas geralmente não mencionadas e que são dignas de nota, pois você que está começando sua aventura pelo mundo agora precisa estar preparado para viver os dois lados da moeda.

Luxo é coisa do passado

Quando você começa a mochilar pelo mundo contando centavos para otimizar seu orçamento, você muda sua referência sobre luxo.

Suíte com ar condicionado, cama de casal e serviço de quarto dá lugar a um quarto compartilhado com 4 a 20 camas, sendo todas elas beliches, banheiros compartilhados com os outros hóspedes do quarto ou com o albergue inteiro. Isso para não falar dos acampamentos, dos aeroportos e bancos de praças.

Café da manhã nem sempre estará incluído na sua diária. Quando estiver, pode ser que seja apenas algumas torradas com pasta de amendoim ou algo do tipo.

Renovar o guarda-roupa uma vez por ano dá lugar a comprar cada vez mais passagens para conhecer destinos novos, equipamentos de fotografia, de vídeo, equipamentos para neve, montanha e por aí vai.

Comer em restaurantes chiques e tomar espumantes caros dá lugar a comidas locais, nem sempre das mais caras, ou ainda a kebabs e outros fast-foods. Ah, a bebida não foge muito à regra, acaba sendo uma Coca-Cola ou uma cerveja local. A água será sempre de torneira!

Com relação ao banho, tenha certeza, não será naquela jacuzzi ou banheira de hidromassagem da sua casa de praia. O banho para mim é sempre uma aventura à parte, por que nunca sei o que esperar do chuveiro, algo que para mim é importante. Ah, sempre considere não tomar banho, pode acontecer.

Se você é aquele filhinho da mamãe criado à pão de ló, prepare-se, pois esse mundo não o tratará com tantas mordomias.

O mundo é muito maior do que os meus olhos veem

Essa máxima é muito séria. Só quando você sai para ver o mundo é que você tem noção do significado dessa frase.

É só quando você sai do seu ovinho de codorna é que você percebe que tem gente com mais dor que você, com mais fome que você, gente mais inteligente que você, gente mais rica ou mais pobre... é só quando você se expõe para o mundo é que você percebe que seu mundo é muito menos interessante que aquele que está lá fora do seu campo de visão.

Lembre-se sempre, você não é a última bolacha do pacote! Se quiser sustentar a imagem que você tem na sua comunidade, fique em casa, por que nesse mundo ninguém liga para o que você é, pois será só mais um.

O destino é mais importante do que você

Como todo viajante, também quis registrar os momentos das minhas viagens.

No início, inconscientemente eu era mais importante que os lugares que fui. As selfies de que tanto se falou em 2014, já faziam parte dos meus álbuns de fotos quatro anos atrás. Tentando fazer uma garimpada nelas, não consigo separar nem 5% em que eu não esteja nas fotos. Uma pena! Pois tento lembrar detalhes de alguns lugares através das fotografias e só vejo minha cara gorda estampada nelas.

As viagens e as fotos continuaram. Parei de olhar para mim e passei a olhar para onde eu estava. Foi aí que percebi que o celular e as cybershots já não me davam fotos tão bonitas assim.

Foi aí que resolvi adquirir minha primeira SLR. Mas aí precisei depois de um tripé, de uma lente melhor, filtro... quando percebi, já estava procurando cursos de fotografia, lendo foruns de discussão na internet, saindo sozinho com a câmera na mão para treinar minhas habilidades e comparecendo em apenas 5% das novas imagens.

Sou apenas um amador apaixonado, mas fotografar virou uma terapia, um momento meu com o mundo que me cerca, momento de eternizar olhares que eu não quero esquecer jamais.

Dinheiro compra felicidade e isso não é nenhum pecado

Quem fala que dinheiro não traz felicidade pode até ter lá sua razão, mas ele compra. É bem clichê falar isso, mas a verdade é que quando você está em casa, sozinho e deprimido, ter dinheiro para comprar uma passagem para um lugar qualquer transforma completamente o seu dia.

O simples fato de se ocupar organizando os detalhes do novo passeio o deixará mais animado, feliz e com aquele friozinho na barriga de saber que algo bom está para acontecer.

Aqui na Europa é bem assim. Não tem nada para fazer? Está deprimido? Nada como passar um fim de semana em Paris, Barcelona ou sei lá onde, Londres que está aqui do ladinho de Dublin.

Não precisa ser rico e não precisa ser para outro país. Precisa ser para algum lugar que o tire da rotina. Só de você sair da sua rotina vendo algo novo, já faz seu dia mais feliz.

No fim das contas, é melhor estar triste passeando por Paris do que deitado na sua cama olhando para o teto. Mas cuidado com isso, leia o item a seguir e entenda o porquê.

Viajar não resolve problemas nem cura suas dores

Se você acha que atravessar o mundo vai resolver seus problemas sentimentais, acredite, não vai não. Você tem que resolvê-los dentro de você primeiro! Você pode estar na casa do vizinho ou do outro lado do mundo, o seu sofrimento pode durar um dia ou vários anos e fato é que ele vai acompanhá-lo por onde você for e pelo tempo que se fizer necessário.

Como eu falo, fugir de problema não resolve problema. Se isso o conforta, a maioria das pessoas tem um caso mal resolvido, uma ferida não cicatrizada e uma saudade não correspondida. Eu sou um analista nato do comportamento humano e também um sofredor, diga-se de passagem, e já vi casos e mais casos nas minhas viagens de gente mal resolvida buscando no auto exílio um remédio para suas dores.

A viagem pode de alguma forma o ajudar a resgatar seu amor próprio, mas ela sozinha não terá papel nenhum se você não se ajudar. Muito pelo contrário, leia o item adiante e veja como viajar pode contribuir para você se perder ainda mais.

Morar fora não é esse glamour todo

Uma coisa é fato, se você não for como o Tio Patinhas, que está nadando em dinheiro, morar fora pode ser mais difícil do que morar no seu próprio país.

A vida do imigrante é complicada. Ele fica sujeito a leis de imigração do país onde está e sujeito às regas do visto que ele possui.

Dependendo do visto, o imigrante pode ter que estudar sem querer, nem sempre pode trabalhar o tanto que deseja, às vezes tem limite de tempo de moradia no país onde está, etc.

O imigrante nem sempre tem os mesmos direitos de um cidadão do país, o que torna sua vida mais arriscada sob certos aspectos, como o da saúde.

O idioma e a falta de amizades podem ser barreiras iniciais que vão tirar seu sono por várias noites.

O clima frio e escuro de algumas regiões podem deprimi-lo profundamente.

Você muito provavelmente morará em repúblicas e limpará chão, será garçom ou entregará jornal para ganhar seu ganha pão. Sua engenharia, medicina ou advocacia serão meros pedaços de papel emoldurados no seu quarto. Do Brasil!

Cozinhar não vai ser opção para você mais, mas necessidade, ou então você passará fome.

Atenção com essa nova vida, pois essa liberdade adquirida que você talvez nunca tenha tido no seu país de origem pode bagunçar sua cabeça e mexer com seus valores. Como diria meu pai, quem nunca comeu mel, quando come se lambuza.

Morar fora meu amigo, pode ser um pesadelo se você for apenas uma alma perdida pelo mundo. Acreditem, já vi muita gente morando fora em condições subumanas, tentando sustentar para a sociedade o pseudo-glamour de morar fora do Brasil.

Viajar pode torná-lo uma pessoa pior

Sem sombra de dúvida, viajar e interagir com o mundo abrirão sua mente, vão torná-lo uma pessoa mais humana e todos aquelas coisas que lemos por aí.

No entanto, um viajante de muitas milhas acaba se tornando também uma pessoa mais individualista sob certos aspectos. Você passa a ser muito mais seletivo com relação às pessoas que farão parte do seu dia-a-dia. Afinal, você já viu e viveu tanta coisa já nem tem tanta paciência assim com certas situações e pessoas. Seus valores serão outros, sua consciência socio-cultural e política-econômica estarão anos luz do seu eu de 10 países atrás.

Não será qualquer pessoa a dividir uma mochilada com você, as escovas de dente, um dia no museu ou as baladas do fim de semana. Não por que você é melhor que ninguém, mas por que você não vai querer ninguém atrapalhando o caminho da felicidade que você demorou tanto para descobrir.

Confesso que eventualmente sinto que isso acontece comigo e já vi o mesmo com alguns amigos de estrada. Aí me pergunto, até que ponto isso é bom? Esse individualismo/egoísmo é saudável? Não acho isso positivo, mas ainda continuo tentando me responder algumas dessas perguntas.

Amizade é pura conveniência

É bem verdade que viajar o permitirá conhecer pessoas de várias etnias, credos, culturas, idades, e etc. É bem verdade que você fará amigos que se parecem muito com você na filosofia de vida, no amor pela mochila nas costas e pela vida nômade. Mas também é verdade que a maioria dessas pessoas vão sumir da sua vida da mesma forma que entraram, num piscar de olhos.

Essa coisa de ter o melhor amigo da sua vida em uma parceria de três dias numa cidade que vocês coincidentemente visitaram é sensacional, por que é isso que as mochiladas proporcionam. Mas a vida segue meu caro, cada um vai para uma cidade nova, uma vida diferente e a maioria vai voltar para a vida que tinha antes, aquela que você não faz parte.

Amizade é muito bom enquanto dois compartilham dos mesmos ideais. Mas o fluxo natural da vida leva muita gente querida para outros mares. Mesmo distante, vocês se falarão por um tempo, mas depois tornarão a não ter mais nada em comum novamente e aí a amizade fica no campo do pensamento e da saudade.

Certamente, vários desses novos amigos estarão lá no cantinho deles para que se em algum momento você puder visitá-los, vocês possam se reencontrar e jogar coversas fora e reviver as alegrias do passado. A parte ruim é que talvez esse reencontro nunca irá acontecer.

Tenho grandes amigos que conheço há mais de vinte anos e vejo que cada um está seguindo sua vida e nenhum deles está me acompanhando e compartilhando minhas alegrias e minhas tristezas, assim como eu também não estou da deles. Simplesmente nossas vidas tomaram outros rumos e eu entendo isso.

Amigo de verdade, no fim das contas, é sua família, principalmente seu pai e sua mãe!

Namorar um homem/mulher que viaja pode não ser essa maravilha toda

Essa história de que você tem que namorar um homem ou uma mulher que viaja só faz sentido se você também for um (a) viajante. Esses textos que estão circulando pela internet são muito bonitos e motivacionais, mas na prática ninguém quer estar com uma pessoa que está ao seu lado hoje e amanhã estará em algum outro canto do mundo.

Pouca gente tem auto-confiança suficiente para lidar com uma pessoa totalmente independente, altamente extrovertida e que conhece algumas centenas de pessoas. O ser humano é naturalmente desconfiado, controlador e um pouco possessivo. E, ninguém vive só de amor e admiração. As relações precisam de presença, do toque e de uma base sólida.

Do outro lado, tem o viajante, a pessoa que não vai querer ficar no sofá da sua casa num sábado à noite ou ir naquela monótona e rotineira reunião dominical da sua família sabendo que o sol está brilhando lá fora e que há muito para se conhecer na cidade que vocês moram.

A menos que o casal compartilhe e viva os mesmos sonhos e anseios pelas viagens sem fim, ninguém quer viver essa vida instável e sem residência fixa. A menos que eles tenham personalidades parecidas, essa relação definitivamente não vai dar certo.

O gramado do vizinho não é tão mais verde assim

Essa história de que tudo do exterior é melhor e que nosso Brasil é uma porcaria é um exagero imenso. Não sou patriota, não costumo defender o Brasil e ainda acho que ele está anos luz de ser o lugar ideal para mim, mas tenho que reconhecer que temos riquezas imensuráveis que ninguém mais tem, que pesa para muito gringo e muita gente rodada de estrada ir morar por lá.

Não temos vulcões, furacões, terremotos, maremotos, tsunamis, entre muitos outros. Nosso sistema bancário é excelente comparado ao que eu vejo na Irlanda, por exemplo. Nossas praias são de mil na maioria das praias do globo. Só vi tão boas quanto ou talvez melhores no Caribe.

Até que nosso calor pode ser insuportável às vezes, mas não queira viver num país que faz 8 a 10ºC o ano inteiro ou um país que o inverno faça -40ºC por que é tão insuportável quanto. Acreditem, neve só é legal na televisão ou num primeiro momento! Com uma semana você começa a proferir seu vocabulário chulo por que não aguenta mais.

Nosso Brasil tem vários "Brasis". A Europa cabe praticamente toda dentro do nosso país. Temos vários sotaques, várias culturas, várias etnias, etc.

Ninguém sabe fazer festa como a gente. A mulher brasileira é simplesmente completa! O Brasil é terra que tudo dá. Tudo quanto é alimento que se possa imaginar, conseguimos ter no Brasil.

Nossa culinária é muito farta. Se você vai no Reino Unido e Irlanda comerá basicamente batata, peixe e carneiro. Na Itália comerá massas. No leste Europeu, frutos do mar, no Japão irá comer arroz, e por aí vai. No Brasil você come o que você quiser e quando quiser.

Algumas de nossas universidades figuram entre as melhores do mundo atualmente. Nossa educação ainda deixa a desejar, mas temos nosso valor e nosso mérito.

Então meu caro, valorize um pouco mais suas origens por que o dito primeiro mundo também tem lá seus problemas.

O brasileiro está invadindo o mundo

Brasileiro é muito brincalhão, adora fazer piada dos orientais que "invadem" o Brasil e o mundo em grupo de turismo, como câmeras na mão, ou ainda zoam os indianos que também estão por todo lugar.

Mas se olharmos um pouco mais para nós mesmos, estamos fazendo o mesmo. Já visitei lugares que nem por um segundo achei que fosse encontrar brasileiros e lá estava um de nós. Interior da Eslováquia, da Eslovênia, da República Tcheca e outros menos turísticos. Sempre pelo menos um brazuca estava lá marcando território.

Só a Irlanda tem mais de 50 mil brasileiros. Imagina nos outros países...

Nos nossos fóruns de discussão na internet vejo mais gente no oriente médio, Ásia, África...por todo canto. O brasileiro tá espalhando a ecdemomania, aquela "doença" que faz você querer viajar a todo instante.

Emtão, eu caro, se você quiser morar fora achando que vai ficar livre da sua pátria amada, lembre-se que você encontrará pelo menos um indivíduo para lembrá-lo dela.

E aí, preparado para iniciar sua vida nômade?

Eu costumo falar que uma pessoa que sabe aproveitar oportunidades amadurece muito nessa vida pelo mundo. E que apesar de tudo negativo que você possa vir a enfrentar, o que você irá viver vai compensar todo o esforço e dificuldades!


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