Após ler vários blogs de viagem, fóruns de discussão e ouvir vários amigos fazendo perguntas diversas, criei esse post para desmistificar algumas coisas sobre a vida de um globetrotter. Compilei algumas perguntas e as respondi como podem ler a seguir.
O QUE TE MOTIVA A VIAJAR TANTO?
Primeiro, o sonho de viajar o mundo e conhecer culturas de todos os cantos do globo, que me acompanha desde criança, depois o fato de eu odiar toda e qualquer rotina. Viajar é sair da rotina a cada momento, é sempre encarar o novo e o inesperado.
Para saber um pouco mais sobre essa motivação, não deixe de conhecer minha história em Quem Sou Eu.
VOCÊ NÃO CANSA DE VIAJAR TANTO?
Turismo cansa, ainda mais para mim que gosto muito de andar. A cada cidade que vou, ando em média 10km por dia visitando museus, praças, parques e pontos turísticos em geral. Dependendo da cidade, gosto de caminhar do aeroporto ao albergue para já ir fazendo meus passeios a partir de então. Ao fim de uma viagem de intensa caminhada e pouco sono, seu corpo pede por uma cama decente e pelo menos uns dois dias para recarregar as energias. Mas daí, você já começa a pensar no próximo destino, porque a vontade de se movimentar e do novo é maior do que qualquer cansaço.
VIAJAR SOZINHO DÁ MEDO?
O medo aparece quando você não tem confiança e segurança no que está fazendo, desde o planejamento da sua viagem até a execução dela. Fora isso, o medo desaparece. Já conheci pessoas que não falavam nenhum outro idioma além do português e se embrenhou Europa afora sozinhas sem passar nenhuma dificuldade e ainda ter se divertido muito. Tudo depende de como você reage às adversidades e de como você encara o novo.
É MELHOR VIAJAR SOZINHO OU ACOMPANHADO?
Minha primeira viagem internacional foi em 2011 e após a desistência de amigos que iriam comigo, vi-me obrigado a ir só, caso contrário perderia uma oportunidade única de realizar meu sonho. Eu, que sempre fui dependente afetiva e fisicamente de outras pessoas para sair, divertir e ser feliz, resolvi mudar de postura e me tornar mais independente. Foram 34 dias mochilando na Europa, por cerca de 14 países. O resultado foi uma das melhores experiências da minha vida, pois percebi que era capaz de superar meus próprios medos, viver experiências novas, conhecer pessoas diferentes, amadurecer e crescer como pessoa, além de descobrir outros prazeres da vida como a fotografia.
Viajar sozinho o permite fazer tudo no seu tempo, sem pressa, visitando os lugares que deseja, deixando de ir a outros que não faça questão, e dar ao luxo de acordar e dormir na hora que quiser. Ainda, viajar sozinho o obriga a se comunicar com o meio externo e a desenvolver a interlocução, bem como o relacionamento interpessoal. Você precisa comprar comida, pedir informações, pagar contas de hospedagens, conversar com pessoas que eventualmente estejam fazendo as mesmas coisas e querem sua companhia, etc. Proporciona-o a chance de ter os melhores amigos do mundo em cada canto do globo que você vá, pois nas viagens as pessoas se unem por afinidades e não há tempo para rusgas, conflitos e negatividade.
Por outro lado, também tive a experiência de fazer algumas viagens com uma ou mais pessoas. E, minha opinião é que quanto mais gente viajando junto, pior será sua viagem se você não tiver um controle muito grande dela. Normalmente, as pessoas tem ritmos, vontade, prioridades e, principalmente, gostos diferentes, além de sempre haver um no grupo que o puxa para trás, querendo se isolar, fazer programas contrários ao senso comum, o que não gosta de acordar cedo, o que tem restrições com relação à simplicidade das acomodações, refeições, etc.
Nem sempre seu melhor amigo é o melhor parceiro de viagem. Já tive amizades de anos abaladas após viagens que tinham tudo para serem sensacionais (pelos motivos acima descritos). Nem sempre sua parceira amorosa (vulgo ficante) é sua melhor parceira de viagem. Já perdi amizade de uma delas após uma viagem de fim de ano que eu esperei pelo menos tres anos para fazer (pelos motivos acima descritos) e no fim foi umas das mais frustrantes que já fiz.
Viajar em grupo oferece o risco de terminar a viagem sem ter feito tudo que gostaria ou de ter visitado todos os locais que desejava. A viagem em grupo te limita às pessoas que estão com você, fecha o grupo para a entrada de um estranho, elege um idioma ofical para a viagem inteira. Em resumo, ijar em grupo acaba por ser limitante sob certos aspectos.
No entanto, um ponto de muito peso para a maioria é a questão da solidão que a viagem solo eventualmente ocasiona e da companhia de alguém para conversar e motivar que a viagem em grupo proporciona. É uma colocação mais que justa, mas aí voltamos aos benefícios que cada uma oferece e assim você mesmo tirará suas conclusões sobre qual é melhor.
Bom, depois de considerar isso tudo, digo sem sombra de dúvida que, para solteiros ou casais de gostos distintos, viajar sozinho é melhor. Um mundo novo se abre a sua frente sem a interferência do velho.
AHH, ENTÃO VOCÊ NÃO GOSTA DE VIAJAR COM OUTRAS PESSOAS?
Veja bem, eu gosto sim, inclusive já tive experiências muito legais. Minha viagem para Cancun foi com um grupro de três amigas e foi sensacional! A última para a Croácia foi com um grupo de 8 pessoas e foi perfeita! Mas por outro lado, se você não tiver um grupo muito sintonizado, você gasta o seu suado investimento em uma viagem que não vai satisfazê-lo como você esperava e você ainda vai embora falando mal do lugar que visitou. Acredite, isso acontece e hoje vejo que a maioria dos mochileiros profissionais não gostam de ter no grupo aquela âncora que não acompanha o rebanho, rsrs.
NÃO É PERIGOSO VIAJAR SOZINHO? EU SOU MULHER...
Qualquer lugar do mundo oferece algum perigo, alguns mais que outros, obviamente. Existem condutas básicas de segurança que você aprende desde criança para andar na sua vizinhança que são úteis para qualquer situação da vida, inclusive para viajar. No meu site, dou dicas de como transportar dinheiro, guardar mochilas e bolsas, etc, além de indicar os macetes de cada lugar visitado, de forma a prevenir o viajante de quaisquer contratempos, que podem acontecer.
Lembro-me que na minha primeira viagem internacional, aos 26 anos, eu conheci muita gente nova, de 18 a 20 anos, fazendo a mesma aventura e muitas dessas pessoas eram mulheres viajando sozinhas. Para o brasileiro, essa coisa de viajar é algo relativamente recente, pois era considerado luxo até algum tempo atrás. Mas não para os gringos, especialmente europeus, canadenses, americanos e australianos. E não é por que eles são mais ricos ou algo parecido, mas por que desenvolvem o espírito nômade já ao nascer, saem da barra do pai e da mãe com menos de 18 anos, e aos 21 ou 22 anos, quando você ainda está pensando no que fazer da vida, eles já rodaram o mundo, aprenderam alguns idiomas, já são até mestres e doutores. É questão de cultura.
E o perigo nisso tudo? Não sei, por que se fosse perigoso, tenho certeza que os pais dessas pessoas não os deixariam realizar tal façanha, ou elas mesmas não repetiriam após a primeira experiência.
VOCÊ JÁ FOI ASSALTADO, SEQUESTRADO OU ALGO DO TIPO EM ALGUM LUGAR QUE VISITOU?
A vantagem de ser grande e andar sempre de cara fechada é que você intimida criminosos. Nada havia me acontecido até minha viagem à Turquia. Tive uma parcela de culpa na história, mas preferi me resguardar de problemas e acabei me permitindo ser aliciado e conduzido a uma casa de strip tease/pole dance, onde vi quase ¢150.00 evaporarem em menos de cinco minutos. O medo de ser agredido, morto e esquartejado foi maior do que a coragem de brigar, correr e pedir ajuda. Uma das minhas regras para viagem é: na casa dos outros você é o estranho e deve obedecer às regras. Em outras palavras, a menos que você conheça muito bem as leis locais e o comportamento das pessoas, não banque o lutador de UFC ou ache que você é a última bolacha do pacote, pois pode se dar mal. Em breve, contarei minha experiência da Turquia no site.
VIAJAR TANTO ASSIM É MUITO CARO?
Uma das minhas metas com o projeto Brazilian Globetrotter é desmistificar que viajar é caro. Obviamente, viajar requer dinheiro, mas você não precisa economizar anos a fio para se aventurar mundo afora. Há vários programas de trabalho voluntário e remunerado por aí que te ajudam a pagar sua viagem. Sabendo fazer boas escolhas nas compras de passagens aéreas, terrestres e marítimas, além de acomodações, você consegue reduzir o custo da sua viagem em mais de 50%. Você também aprende com o tempo a não comprar souvenirs, presentes e pequenas bugingangas, pois como viajante profissional, verá que não terá onde ficar guardando tanta coisa e não desejará ficar carregando peso desnecessário por aí. Acho que isso ensina a ser menos materialista e a viver mais de momentos e de memórias.
Se quiser saber mais sobre custos das viagens, acompanhe a descrição individual de cada viagem nos posts que faço no blog e veja também as estatísticas compiladas aqui.
VOCÊ NÃO GUARDA DINHEIRO PARA SEU FUTURO?
É meio clichê falar isso, mas não, eu guardo momentos. Já quis muito guardar dinheiro para montar algum negócio próprio no futuro, para realizar o sonho da casa própria, mas por uma série de fatores envolvendo minhas escolhas profissionais, se eu fosse fazer isso, chegaria aos 50 ou 60 anos, não teria terminado de pagar pelo imóvel e teria vários problemas de saúde de tanto trabalhar, sem qualidade de vida. Pode ser que no momento que eu tiver minha esposa e filhos isso venha a acontecer, mas não por agora. E o futuro a Deus pertence!
VOCÊ CONSEGUE MANTER UM NAMORO COM ALGUÉM COM ESSA VIDA NÔMADE?
Na verdade, eu nunca tentei manter um namoro depois que caí no mundo. Eu tenho algumas frustrações com relacionamentos passados e com eles aprendi a viver sozinho, sem depender de ninguém. Há quem diga que é uma vida que sempre terá um vazio, o que não discordo, pois chega um momento que você quer ter alguém para dividir a adrenalina das viagens, para o acompanhar nas aventuras, etc. Acompanho casais de mochileiros como o Leonardo e a Rachel Spencer e acho o máximo! Mas viajar também ensina muito essa coisa da independência afetiva. Você aprende com o tempo que se relacionar com outra pessoa vai muito além de dividir sua cama, intimidades e alguns fatos do dia a dia. É não apenas, sentada no sofá e atrás da máscara de um pseudo-companheirismo, incentivar o parceiro a fazer as coisas que ele tem vontade, mas ir com ele e se divertir fazendo as coisas mais inimagináveis possíveis. É sair da zona de conforto e rotina que os relacionamentos geram e a cada dia ter inspiração para fazer o outro feliz com uma nova história. Diante disso tudo, você fica muito mais seletivo e criterioso, pois aprende que para colocar alguém na sua vida, a pessoa tem que realmente agregar algo, pois você já viu e viveu tanta coisa que já não se contenta em ter alguém apenas para satisfazer uma convenção social ou preencher um espaço em branco. Na sua vida já não cabe mais pessoas vazias e superficiais, que não tenham paixão pela vida e pelo viver, mesmo diante de todas as dificuldades que naturalmente existem.
Quer saber mais? Pergunte que eu respondo. Aos poucos, irei atualizando a lista de perguntas e respostas. Fiquem ligados!