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Um ano de Irlanda. Sláinte!

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Quando completei um ano na Irlanda, escrevi esse texto e agora vou compartilhá-lo com vocês. Ao parar para refletir sobre o balanço dessa empreitada, cheguei a alguma considerações interessantes.

Estou com 30 anos. Solteiro. Estou longe de toda a minha família, meus velhos amigos (muitos de infância) e de outras pessoas que eu gostaria muito de estar perto. Moro de aluguel. Nesse tempo, já dividi quarto com quatro pessoas que nunca tinha visto na vida. Tive dores de cabeça com os colegas de apartamento. Não adquiri imóveis. Não comprei um carro. Não tive um filho. Ainda não consegui meu registro como enfermeiro aqui (projeto inicial). Minha vida aqui é muito mais cara do que era no Brasil. Não achei que fosse acontecer, mas meu português piorou de nível. Engordei e estou mais careca. Gasto para chegar no trabalho o dobro do tempo que levava no Brasil. Trabalho tanto quanto trabalhava antes de vir para a Irlanda (se não for mais). Continuo sem ganhar na loteria. Na Irlanda é frio e chove a maior parte do ano e consegue ter menos opções de lazer que Belo Horizonte. Praticamente não como carne vermelha mais por que é muito caro por aqui (amo carne). A batata está em pelo menos um menu do meu dia (Bem vindo à Irlanda). Descobri que tenho sérios problemas com rotinas.

Por outro lado, aprendi a cozinhar decentemente. Tornei-me independente financeiramente. Tenho tantas férias quanto eu quiser em um ano de trabalho. Fiz amigos em vários cantos do mundo e de quase todas as regiões do meu próprio país. Viajo de avião para outros países pagando ¢0,01 por uma passagem aérea, pois há companhias aéreas realmente de baixo custo aqui na Irlanda. Conheci vários países. Faço ligações internacionais do meu celular a ¢0,01 o minuto. Pratico diariamente os idiomas que tanto quis aprender. Dentro da minha profissão, aprendi um trabalho novo e estou crescendo profissionalmente. Apesar do tempo gasto no deslocamento para o trabalho, não preciso me estressar no volante de um carro por que o transporte público aqui funciona muito bem. Aprendi definitivamente que não existe coincidências e carmas, mas missões de vida (e sua missão te segue onde quer que você esteja). Tenho mais certeza do que nunca do que me faz feliz. Descobri que a vida vai muito, mas muito além do que os nossos olhos podem ver. Evoluí enormemente como ser humano. Sou muito mais tolerante e paciente com as diferenças, além de ser menos preconceituoso (atire a primeira pedra quem não tiver algum preconceito). Ainda não comecei a escrever meu livro (veja minha Bucket List), mas estou a escrever neste website. Reclamo muito menos da vida e das coisas que não consegui fazer ou ter (depois de ver tantas coisas, acredite, sua vida é ótima!). Até então, minha saúde vai ótima, graças a Deus. Não tenho preocupação com criminalidade como outrora, por que aqui o crime mais comum é roubo de bicicleta.

Ademais, não virei um alcoólatra (muito fácil acontecer aqui), viciado em drogas (surpreende-me o acesso ser muito fácil na Irlanda e ter muitos viciados), cafetão ou poligâmico, pois ainda mantenho os ensinamentos que tive em casa e os princípios da família. Não entrei em depressão (eu acho). Sinto saudades dos meus amigos do Brasil, dos amores que deixei ou me deixaram, saudades dos meus pacientes e colegas de trabalho. A comida do Brasil é uma das melhores do mundo, acreditem (valorizem seu arroz com feijão)! Não virei esnobe (se alguém achou isso, desculpe-me, mas foi apenas uma felicidade exacerbada em compartilhar o que vi e aprendi de novo). Tenho certeza que algumas pessoas se inspiraram nos meus movimentos para se movimentarem também e mudarem de vida (faz-me feliz saber que as pessoas também estão indo atrás do que as façam felizes).

Considerações feitas, sem muita profundidade, diga-se de passagem, sou eternamente grato a tudo que Deus está me oferecendo e só lamento não ter saído da minha zona de conforto antes. Mas como falei, não acredito em coincidências, mas em missões de vida e, por esse motivo, prefiro acreditar que tudo aconteceu na hora certa. Sou eternamente agradecido à Irlanda e aos irlandeses, que me receberam de braços abertos. Aos amigos que fiz e aos que ainda vou fazer.

Para a gordura existe a dieta, a academia ou a cirurgia. Para a calvície há o implante capilar, para a chuva o guarda-chuva. Para a ausência do carro, existe o metrô, o ônibus e a caminhada. Para a falta do prêmio da loteria, há o trabalho árduo e enobrecedor. Para matar a saudade, existe o telefonema, e-email, a visita surpresa, esse blog e sua criatividade. Para a falta da carne vermelha, há a dieta (afinal, engordei!). Para quebrar a rotina, basta estipular a meta de fazer algo diferente a cada vez que se sentir incomodado. Enfim, para tudo se dá um jeito! Mas não para o tempo perdido. Esse aí você não resgata de forma alguma. A menos que você seja uma pessoa sem ambições na vida, a idade chega, você olha para trás e começa com os "e se...?". Meu prezado, não cometa esse crime contra você mesmo. Passe pela vida, não a deixe passar por você!

Para mim, o único "se" que permito no momento é: Se tudo der errado, eu tentei, fiz tudo que quis e fui feliz!

Sláinte! e que venha mais um ano aqui ou em qualquer outro lugar do globo!

PS: Sláinte (lê-se slântcha) é a palavra irlandesa para "saúde".

Rafa

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